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Os desafios de democratizar o acesso a serviços de saúde para profissionais e usuários

Como em muitos outros setores, a área da saúde enfrenta muitos desafios e obstáculos que a impedem de ser acessível e satisfatória para todos. São problemas que não se restringem apenas aos usuários e pacientes, mas que também afetam profissionais da área que desejam praticar a profissão, contudo encontram barreiras e dificuldades.

A boa notícia é que já existem várias iniciativas, como a criação do Enare, que buscam reverter esse quadro e tornar a saúde mais ampla.

Principais desafios

Os desafios da área de saúde são vários, tanto na saúde pública quanto na privada. Em termos gerais, um dos problemas é a cultura de cuidar de doenças ao invés de preveni-las. Na grande maioria dos casos, os usuários procuram atendimento médico após manifestarem algum sintoma. O ideal é que a Atenção Primária à Saúde (APS) fosse adotada por todo o setor, promovendo o cuidado preventivo continuamente, ao invés de cuidar de doenças já confirmadas.

Há também a questão sobre a qualidade do atendimento. Em 2018, uma pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que 89% dos brasileiros consideravam a saúde no país (pública e particular) como péssima, ruim ou regular. Outros 73% dos entrevistados afirmaram que não acreditavam que o atendimento era igual para todos.

Essa percepção é fruto de outras dificuldades, como a falta de médicos e o longo tempo de espera para ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A falta de leitos para todos os usuários e a má administração financeira também são barreiras que dificultam a universalização da saúde.

O que é o Enare?

Felizmente, já existem iniciativas que visam facilitar o acesso à educação sobre medicina e formar novos profissionais de forma mais fácil e ampla, resolvendo uma das questões acima. É o caso do Exame Nacional de Residência (Enare), criado em 2020, objetivando promover igualdade de condições e acesso a vagas em todo o país para os futuros profissionais médicos.

Basicamente, o Enare é uma avaliação unificada que seleciona candidatos para vagas de residência nas diversas áreas médicas, multi e uniprofissionais. As provas do exame são realizadas em todas as capitais brasileiras, além de 23 cidades polo, facilitando, assim, o acesso dos inscritos a concorrer às vagas de residência. A prova do Enare compõe 90% da nota para aprovação, com os demais 10% sendo preenchidos por análise curricular.

A partir da nota final, o candidato passa por uma espécie de “leilão de vagas”. Nessa etapa, ele pode escolher qual instituição irá realizar a residência que deseja. O Enare é vantajoso por ter menor custo de inscrição do que outras provas de residência, maior número de vagas e por ser realizado em uma única data, o que diminui os gastos e a burocracia para quem participa do processo. Além disso, ele permite uma preparação mais qualificada por parte dos candidatos, que não precisam se adequar às exigências de diversas bancas para várias provas distintas.

Podem se inscrever para a prova médicos formados ou formandos em Medicina, desde que estejam cursando o último semestre do curso. Para as vagas de multi e uniprofissionais, profissionais da área da saúde podem participar, desde que tenham graduação na área de atuação e estejam regulares no Conselho Profissional de Classe da profissão que exercem.

Outras iniciativas

Além do Enare, há ainda outras iniciativas que buscam universalizar a saúde no país, tanto para profissionais quanto para a população. Uma das mais antigas é a Estratégia Saúde da Família (ESF), que surgiu como programa em 1994 e, devido aos seus bons resultados, foi elevada ao nível de estratégia em 2003.

A ESF funciona como porta de entrada para o SUS, sendo baseada na proximidade entre as equipes médicas com a família e toda a comunidade. Com envolvimento mais amplo, o profissional é capaz de entender a realidade dos usuários, suas dificuldades e os riscos a que a população está exposta. Ao mesmo tempo, consegue obter maior adesão aos tratamentos e promover discussões relacionadas à saúde com a comunidade.

Já o Programa Mais Médicos foi criado para atender a demanda de escassez de profissionais médicos em regiões que o SUS tem como prioridade. Isso foi feito com o encaminhamento de médicos para regiões em que um alto percentual da população se encontra em extrema pobreza e vulnerabilidade econômica.

Além de disponibilizar mais médicos para os locais mais necessitados, a iniciativa é benéfica por ampliar os investimentos em infraestrutura na região. Tal ação permite a construção, ampliação e reforma das Unidades Básicas de Saúde, além do maior número de vagas para residência médica e graduação. Outro objetivo do programa é humanizar o atendimento médico, possibilitando a aproximação entre os profissionais e essas comunidades.

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